Caco nasceu no inverno de São Paulo, que neste ano poucos foram os dias frios, e até então não tinha casa e nem nome. Num acaso Daniel e Fernanda num primeiro encontro acabaram por adotá-lo e assim então êle recebeu esse nome por ter várias manchas no corpo, como se fosse louça quebrada.
Caco era só alegria, com os olhos acesos e o rabo abanando ao ver os dois na sua frente e naquele momento soube que havia conquistado a sua liberdade e o direito de viver com quem escolhera, ganhando enfim um lar e dois amigos.
Caco conspirou para alegrar a todos nós que convivemos muito pouco com êle. Sabiamos do seu contentamento nas raras vezes que nos via, pulava, corria, agarrava em nossas calças. Êle era assim, alegre e com muita vontade de viver junto aos que escolhera.
Caco ganhou um lar com um imenso quintal com vista para a rua e para uma enorme árvore com flores amarelas, em cuja árvore habitava um Sábia laranjeira que todas as manhãs e tardes enchia o peito e cantava para êle e tinha ainda dois companheiro que se dedicavam a êle como duas crianças.
Caco agora corria, pulava, admirava a rua pelas frestas do portão e esperava por seu amigo que iria alegrar ainda mais o seu dia. Durante o dia ficava aos cuidados da Fernanda e no início da noite aguardava ansioso pelo Daniel. Bastava êle entrar pelo quintal que Caco corria ao seu encontro.
Caco tinha um focinho afilado, o corpo malhado de marron e branco - o que deu origem ao seu nome -, o rabo fininho e um enorme coração. Caco era pequeno mas tinha muita vontade de viver.
A última vez em que estive com Caco pude ver uma força sem igual para continuar vivendo. Êle estava sentado junto a porta de vidro do veterinário o olhando para a rua a sua frente como se pudesse superar tudo o que ocorria .
Caco não pôde ganhar de volta as ruas, as praças e outros lugares que lhe dessem a liberdade de viver. Sua passagem conosco foi como um meteóro, rápida, mas que deixa uma visão das coisas da vida que não será nunca esquecida ou superada, tamanha a alegria que nos causou.
Essa foi uma tarde cinzenta e uma noite de muita chuva, afinal Caco se fôra, nos deixara por êrro de humanos, mas pude sentir no seu último olhar que acreditava na vida, na alegria e na amizade e que estaria entre nós. Daniel chorou, Fernanda chorou, todos choramos, porém Caco deixou lembranças que não se apagarão com o tempo.
Caco não pôde desfrutar da primavera que se anunciava, perdeu seu quintal , sua árvore florida e o seu amigo Sábia, Perdeu Daniel e Fernanda.
Hoje o dia continua cinzento e chuvoso, mas o seu amigo Sábia virá cantar para Caco sem saber que jamais verá seu amigo novamente.
domingo, 4 de janeiro de 2009
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